Cheguei em Ribeirão Preto na última segunda-feira, com minha filha Miranda, de 5 anos. Estávamos em Brasília, o que foi bom para eu ir me aclimatando ao tempo seco e quente. Peguei um táxi com a Leila, uma figura, que prometeu trazer o mar para cá, quando for prefeita. Disse que era melhor fazer cascatas, já com o duplo sentido. Fomos direto para a casa da minha grande amiga de infância, Paola Miorim. Como ela viajaria às 4h para São Paulo, aproveitei para ficar acordada até de madrugada conversando.
Mudar para Ribeirão não foi decisão fácil. Adoro a brisa do mar e o estilo de vida praiano. Estou numa situação em que posso morar em qualquer lugar, posso escrever livros de qualquer lugar e poderia ter escolhido Paraty, cidade linda que já morei e fiz muitas amizades e que é pura inspiração literária. Mas minha filha mais velha, Dora, de 12 anos, mora aqui (é uma longa história, que compartilho em outro blog) e preciso, necessito ficar mais próxima dela, nem que seja para respirar o mesmo ar seco que ela respira.
Não que Santos, de onde venho, seja um lugar fresquinho. Não! Lá é muito quente. A diferença é que em Santos a sensação é de estar derretendo e aqui, evaporando. O que mais me pesou contra nessa decisão nem foi o clima infernal, mas sim a distância de minha mãe, Laura. Sou filha única e ela já tem 79 anos. Mas não deixa de ser um motivo bom para viajar até o litoral, no mínimo, uma vez por mês.
Daí fui para o meu novo apartamento, que está totalmente vazio, para esperar o cara que iria medir as janelas e colocar redes de proteção. Com filha pequena e dois gatos, isso é questão de vida ou morte. O taxista que me levou foi muito gente boa, disse que aqui é quente, mas o povo é bacana (no que eu concordo). Já o que me trouxe de volta contou que conheceu muita gente que veio "de mala e cuia" e não aguentou três meses na cidade. Sei que esse clima é para os fortes, mas creio que eu faça parte dessa falange.
E hoje foi o Gustavo colocar as tais redes. Moço bonito e educado. O cara é são paulino, mas o pai torce para o Santos. F.C. (o que já conquistou meu coração alvinegro) e então começou a falar da vida dele e do prédio para o qual estou mudando e onde trabalhou como segurança. Só digo que é o maior condomínio da América Latina, onde moram mais de 6 mil pessoas! É uma cidade o tal Jardim das Pedras! Como eu gosto desses títulos (tipo o maior porto da América Latina, a Vila mais famosa do mundo) já me identifiquei. Conversei com a síndica, vizinhos, porteiro, auxiliares e todo mundo que me dava um sorriso. Soube de histórias bizarras, tristes e alegres.
Tirei a poeira do chão com pequenos baldes de água e quase não contive o impulso de reclamar com a moça loira que lavava as calçadas do condomínio. "Não tem água no Estado, ainda estamos no inverno e a temperatura nunca está abaixo de 30C e tem gente que ainda lava a calçada!" Mas me contive. Não posso ganhar inimizade, estou aqui para conquistar simpatizantes.
Depois o tal Gustavo ainda nos deu uma carona até a porta da casa da Paola. Não bastasse colocou Charlie Browm e Marcelo D2 no som do carro. Pela terceira noite consecutiva saí para tomar sorvete com Miranda. Talvez eu engorde. Talvez esse clima realmente me deixe sonolenta e sempre cansada, mas as pessoas que estão cruzando meu caminho, de certa forma, são um alento para continuar aqui. O lugar é seco, mas as pessoas são doces.
Vixe! Acho que você não ficará muito tempo por aí não...
ResponderExcluirEu tenho certeza...
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